segunda-feira, 12 de abril de 2010

Elegia

Era inverno, e o solo coberto pela neve estava a cada dia mais frondoso. Os pescadores haviam
recolhido suas embarcações, pois passaram o verão todo pescando e defumando os peixes para terem
alimento naquele que seria o mais rigoroso inverno. As casinhas feitas de madeira, adquiriam seu
charme estando cobertas de neve, e a fumaça que saia de suas chaminés emprovisadas aumentava o clima de
frio.

Sigrid e Elric haviam se casado havia pouco tempo, um pouco menos de seis meses. Sigrid era como diziam
todos no povodo a representação da deusa nórdica do amor Froya: pele lisa como o pêssego, cabelos louros como
o sol que se apaga ao final dos dias veranís no mar e olhos tão azuis quanto o céu pode estar numa manhã enso-
larada de primavera. Tinha uma habilidade excepcional no tear, e naquele inverno, o primeiro ao lado de Elric ela
estava a terminar uma capa para seu esposo.

Elric por sua vez era um dos guerreiros da vila. Patriotico ao extremo, aos vinte e dois anos, já
havia sobrevivido a duas invasões ao povoado e a um confronto em auto mar, que custou a vida de seu pai, e fora
recompensado com a mão de Sigrid. Elric tinha os cabelos avermelhados, como se fossem brasa de uma chama, barba
cerrada tambem vermelhada e a pele branca como a neve, possuia algumas cicatrizes em seu corpo e as exibiam como
souviniers das batalhas que travara, olhos expressivamente verdes como um rebento novo e sempre carregava consigo
a medalha que seu pai lhe dera antes de partir para Valhalla*.

Certa manhã, Sigrid estava sentada em seu tear, e Elric voltava para dentro de sua cabana com um manuscrito em
couro de cordero nas mãos, os olhos brilhavam mas seu coração titubeava.

- Minha esposa, - disse Elric com a voz rouca - Nossa vila foi convocada para apoiar a batalha contra os saxões
e eu liderei uma das missões.

- Esposo meu, não seria arriscado demais uma missão? - indagou Sigrid sentada à frente do tear com ar de desapro-
vação. Se tu fores, e não retornar, serei viúva, e terei que procurar por outro, com fins de servir a ele para que
eu não seja conhecida como aquela que foi vencida pela tristeza infinita e o sabor da guerra. Pois também não posso
mais servir no templo, temos uma união e já estamos consumados.

- Sigrid, a força e o poder de Froya nos fará ter um ao outro muito proximos, e estaremos unidos até o dia em que
A Estripadora de Cadáveres comer a Árvore da Vida e todos sermos levados ao Valhalla.

Sigrid então abraçou o seu homem e deixou ali uma lágrima escapar de seus delicados olhos, enquanto Elric já sentia
o calor da batalha se apossar de cada osso e músculo.

Rgnar, O Tirano, se considerava o segundo após Elric, e isso o fazia ser motivo de piadas, pois Elric tinha apenas
vinte e dois anos, enquanto Ragnar tinha quase trinta anos, e isso o incomodava, era demasiadamente dificil receber
ordens de comando da parte de um garoto. Ragnar tinha cabelos longos e escuros, e uma cicatriz que iniciava-se na
região da sombracelha e descia até o final da maçã do rosto, causado no treinamento com espada por Elric.

Sentado na taverna com seus amigos, Ragnar tomava hidromel, e confabulava com todos ali:

- Esta será a última vez que Elric será meu capitão, irei tomar seu lugar! Serei capitão no lugar dele, seremos um
grupo forte, unido e não deixarei que nessas missões o aliemnto nos falte, muito pelo contrario, haverá fartura de
alimentos para todos do meu grupo, vamos, façamos um motim ou continuarão a se submeter às ordens de um pivete?

Os homens sentados ali se alegraram com as promessas de Ragnar, e combinaram realmente um motim para tirar o poder
de Elric.

Passaram-se duas semanas, as esposas estavam no cais da cidade, cada uma se despedindo de seu respectivo marido,
pedindo as bençãos de Odin sobre cada um deles. Sigrid estava lá, trajada de um vestido vermelho e preto acetinado,
acompanhando os movimentos de seu marido na embaração que de longe sua forma era reta, como uma regua e com a
cabeça de uma serpente marinha na ponta. Elric com o peito desnudo, exibindo orgulhosamente a medalha de seu pai,
vestia a capa que Sigrid fizera para ele. Então, quando a embarcação saiu em direção ao mar, Elric voltou-se para
Sigrid e do barco, sem palavras, sem som, apenas com o movimentar de seus lábios, ele disse: "Eu voltarei, te prometo."

Sigrid fazia preces à Froya e Odin para que protegessem seu marido. E junto dela, estavam suas amigas que ainda eram
solteiras e trabalhavam no templo do lago.

Elric esperava ancioso pela chegada em praias bretãs, sentia sed de sangue para vingar a morte de seu pai, seus musculos
estavam todos retesados e envolvidos pela chama da vingança. Elric sempre ficava na ponta dianteira das embarcações, sentindo
o vento bater em seu rosto e avistando o alvo que estava por vir.

Ragnar e seus homens estavm quietos, pois a trama já estava feita, tudo que Elric possuia seria tomado.

Foram cinco dias de viagem, Elric em alto mar pensando em Sigrid, e Sigrid em terra orando com suas amigas.

Enfim, terras bretãs, cerca de trezentos homens bem treinados era o bastante para as missões, cem de cada grupo, todos escolhidos
desde a epoca em que treinavam nos campos Dinamarqueses cobertos de neve. O primeiro grupo, seguiria pela orla da praia, percorreria
toda extensão até o proximo vilarejo. O segundo grupo, seguia em direção oposta nas montanhas que cercavam as praias e o terceiro grupo,
no qual Elric era o lider, ia em direção à floresta, todos os grupos possuíam o mesmo ideal, escravizar crianças, mulheres e idosos, e
matar aqueles que ofereciam perigo, especialmente os monges cristãos.

Todos desembarcaram, Elric e seu grupo foram em direção à floresta. As florestas bretãs eram diferentes das florestas dinamarquesas pois
o chão, mesmo no inverno possuia grama, enquanto as dinamarquesas só podia ver neve espalhada. Haviam árvores diferentes e uma variedade
bem grande de animais como cervos, javalis e veados. Mas o perigo maior estava naquilo que eles não podiam ver, os bretões disfarçados
nas copas das árvores.

Elric havia ordenado a seus homens para que se espalhassem pelo territorio. Ragnar e seus comparsas deram um passo pra trás e sentiram como
se Thor tivesse lhes puxado da terra. Mas eram os bretões sequestrando e interrogando os homens de Elric. Todos foram vendados em suas capas
e foi-lhes retiradas todas as armas e escudos que pudessem ser utilizados. Eles andarm por horas em campos irregulares. Então, eles chegaram
em uma vila, muito similar a vila Dinamarquesa, apesar do frio, haviam feiras livres nas ruas, haviam escravos e senhores de todas as partes
do oceano. Homens de pele amarela, negros e pele marrom, todos diferentes comprando cominho,coentro, sálvia. As mulheres ali teciam e vendiam
eram independentes. Então todos os homens entraram em um castelo, suas roupas foram retiradas, ficando nús em pelo. E um homem ao que todos
chamavam de allgemein, o que eles sub entenderam como general. Um ao lado do outro, no pátio do castelo, começaram a ser interrogados. Estranhavam
o bretão que os interrogava, pois ele não se parecia em nada como bretão, possuia olhos verdes e cabelos loiros como os bretões e dinamarqueses, mas
tinha um rosto comprido, seu queixo era bem avantajado e a postura era como a de um rei e notaram a necessidade de um interprete, ele usava
uma lingua desconhecida, e seus interpretes eram como ele, carrancudos, loiros e de olhos claros. O homem resmungou, e seu interprete repassou:

- O que vocês querem para nos deixar em paz?

- Queremos suas terras! - rosnou um dos comparsas de Ragnar - Viemos aqui pela luta e pelo ardor de escravizar suas mulheres, crianças e matar
aquele que se oporem!

O interprete engoliu seco, e voltou para o allgemein, tal quando ouviu a revolta do guerreiro apenas o olhou como se pudesse dilacerá-lo com o
olhar.

-Eu quero fazer alianças com os senhores Dinamarqueses, sem pilhagens, temos ouro, prata e tudo o que quiserem, mas precisamos fazer uma aliança,
mas o objetivo de vocês não é bem esse, teremos que executá-los e exibí-los em praça publica! - disse o interprete fielmente ao que o general dizia.

- Espere! - disse Ragnar - Meu senhor general que tem esses ideais, nós somos diferentes, se acabarmos com nosso general, poderemos fazer a sua sonhada
aliança!

O homem grande virou-se em direção a Ragnar, e olhou para o interprete, que lhe disse exatamente o que Ragnar lhe falara.

- Quem é o seu general? - indagou o homem grande.

- Earl Elric, meu general e desde agora, devoto toda a minha lealdade a teu comando.

O general sorriu aprovando a idéia de Ragnar, mandou que eles se vestissem, e adentrassem ao castelo para um banquete.

Enquanto o interrogatório era feito, Elric e seus homens cairam em uma cilada, vários bretões caíram das árvores como frutas maduras,
como forma de ataque, haviam vinte e cinco homens com Elric, e doze atacaram o grupo. Dos vinte e cinco com Elric, apenas sobraram oito, e dos bretões
dois se renderm após notar que seus companheiros estavam espalhados pelo cenário. Mas no calor da batalha, o medalhão do pai de Elric caiu de pescoço,
e fora encoberto pelas folhas, Elric sequer percebeu a ausencia do medalão, elric naquele momento era um homem da guerra, nem mesmo o frio que sentia
em seu busto descoberto sentia mais. Então, eles fizeram um acampamento próximo de um rio.

Ragnar saia satisfeito pelos portões principais do vilarejo, e pedindo a seus homens que fizessem daquele encontro um segredo, e que no momento certo,
todos seriam recompensados. Andando pela floresta, Ragnar se deparou com um cenário de batalha, olhando ali os corpos, notou que algo cintilava na grama,
e logo que o tomou em mãos, reconheceu o medalhão que Elric carregava no peito com todo orgulho e pompa. Logo presumiu que Elric havia travado uma batalha
com os bretões e sua vida fora ceifada e levada ao Valhalla. Retornou rapidamente para o vilarejo, com o medalhão em mãos exibindo para todos os habitantes,
e levando-o para o general. Aquilo o fizera ser visto de forma especial pelo homem carrancudo. Ragnar disse que levaria de volta o objeto para a viúva
dinamarquesa, tomaria suas coisas e logo estaria de mudança para terras Bretãs.

Na Dinamarca, Sigrid tecia com suas amigas, então uma lágrima desceu sua face linda e delicada.

- Sigrid, por que choras? - perguntou Ifrit.

- Minhas lágrimas saem em busca de resposta e compreensão por aquele que cruzou os mares, com sede de sangue.

- Minha amiga, suas lágrimas não o trarão de volta... - disse Brida.

- Mas as lágrimas silenciosas de uma dama, faz o seu guerreiro chorar.Uma única sentença já é o bastantepara restaurar meu coração que arde em dores
desde que ele me deixou. Faço delas a minha Elegia.

- Sigrid, você e Elric não pensam em ter um herdeiro? Um filho pode manter Elric por aqui, e talvez ele trabalhe com os outros homens nas lavouras, caça ou
na pesca. - perguntou Ifrit.

- Minha amiga, Elric não é homem de trabalhos como pescar, caçar ou colher... - uma lágrima delicada em seus cílios caiu - Ele tem seus osso forjados no
calor da batalha, seus cabelos são como o fogo das tochas dos homens que cercam uma aldeia com sede de sangue e vingança. Nada o fará retornar e se destinar
a outra atividade. Mas eu o amo, mesmo sendo um homem de guerra. Pois assim quiseram Froya e Odin, que dois seres tão diferentes se unissem.

As amigas de Sigrid pararam o que faziam e abraçaram-na afetuosamente.

Em terras bretãs, naquela noite fria, os homens de Elric estavam em volta de uma fogueira, comendo javalis que caçaram na penumbra, já se passara um dia,
e no bosque onde a cabana de Elric estava, a lua lançava seu brilho, Elric olhava capa que Sigrid tecera com tanto amor, e lembrava-se de sua amada os
momentos em que naquela manhã se abraçavam em seu lar. Elric se recolheu à sua cabana e chorou.

Passaram-se cinco dias, Sigrid sentia muita falta de Elric. Então os garotos do vilarejo corriam pela manhã espalhando a noticia de que uma embarcação
se aproximara naquela manhã.Sigrid saiu de sua casa, e foi até o bosque, orar para que se não fosse seu marido, ao menos fossem boas notícias. Sigrid não
era dinamarquesa, era de aldeias mais distantes, os dinamarqueses ouviram os grandes generais temerem e falarem barbarisch, bárbaros. Sigrid e sua mãe foram
trazidas das terras ocidentais. Sua mãe trabalhara por anos na casa do Senhor da Dinamarca, até que fora acometida de uma doença fatal. Sigrid, com dois anos
fora criada junto com as aldeias de ocidentais mas adorava as historias contadas por guerreiros viajantes de um homem que possuia um martelo poderoso, um
irmão mentiroso e uma deusa que possuia todas as qualidades e traços que Sigrid possuia.E também pensava na idéia do Ragnarok, onde as bestas divinas
destruia tudo e sobrava apenas Asgard e os deuses para reconstruir tudo.Sigrid acreditava muito nos deuses, ela queria ser uma das sacerdotisas virgens que
trabalhavam no templo do lago, mas os deuses colocaram Elric no seu trajeto.

Enquanto ela corria entre as árvores do bosque e suas amigas atrás dela, Ragnar apareceu com o medalhão de Elric em mãos. Aquilo para Sigrid só possuía um
significado, MORTE. Sigrid ajoelhou-se no chão, e Ragnar jogou o medalhão muito proximo dos joelhos de Sigrid, e cospiu em cima dele. Sigrid gritou:

- O que garante que tu não tenhas pego de meu marido e forjado sua morte? Todos na aldeia sabem que tu não gosta dele!

- Mestiça maldita, eu ví, quando um bretão ordenou que vosso esposo ficasse de joelhos e cortou a cabeça dele, e o sangue espirrou na terra. Eu testemunhei
a morte de vosso esposo. Aceite isso. - Ragnar retirou-se para sua casa, e pegou toda especie de bens que possuia.

Sigrid chorava, levantou o medalhão em direção a Asgard, e gritava pelo seu marido. Suas amigas então tiveram uma idéia, confiar no olhar das folhas. Froya
respondia as perguntas de seus devotos por meio de uma árvore que ficava na praia, por meio de umas delicadas flores azuis que nasciam entre as folhas dando
a sensação de que as folhas tivessem olhos. Sigrid teria que esperar pelo menos mais duas semanas por aquela resposta. E ela permaneceu decidida.

Elric, por sua vez, estava terminando sua missão naquelas terras, isso era o que ele pensava. Ao final da floresta, encontrou um muro alto, feito de toras de
madeiras, e ouvia pessoas vendendo coisas do outro lado. Onde eles tinha descido, não era um país, e sim uma ilha, com uma única aldeia, os homens deram
uma volta por todos os lados fazendo uma varredura para chegarem no mesmo lugar. Então ele deu a volta e encontrou o outro grupo de soldados, que ainda tinha
cem homens, e cercando pela frente, encontraram outro grupo com cerca de oitenta homens.

- Não sabemos o numero de soldados deles, a julgar pelo tamanho da Ilha, não devem receber muitas visitas, essas aldeias tem a fama de receberem seus
visitante e serem bem hospitaleiros. Então não entraremos atacando. - ordenou o general.

- Meu senhor, - interrompeu Elric, - meu grupo foi drasticamente reduzido por tais homens.

- Elric, meu jovem, sabes por que cobras atacam? - Elric não entendia o sentido da pergunta e balançou negativamente a cabeça - Porque elas tem medo. O
mesmo se dá com este povo, eles viram homens fortemente armados não fazendo uma varredura, mas com a sede de sangue em seu olhar, e se sentiram arredios
mas diplomaticamente as coisas se resolvem. Elric, venha comigo, vamos procurar pelo Senhor desse vilarejo, e vejamos as condições deste homem, quanto aos
homens que ficarem, voltem para as embarcações, reformem-nas pois em alguns dias estaremos de volta em casa.

Todos obedeceram o que lhes fora mandado. Elric estava confiante de que sua promessa seria consolidada ao retornar para casa. Isso ascendia a chama de seu
coração, teria o calor de Sigrid novamente.

Adentraram Elric e seu general, Tyr, o centro do vilarejo, ambos foram recebidos com festança, bebida e cerveja.

O Senhor da vila abriu um largo sorriso e disse:

- Devem ser os generais! Quais são seus nomes?

Tyr olhou de forma duvidosa para aquela comemoração sem sentido e respondeu:

- Somo dinamarqueses, sou Tyr o general e este é meu futuro substituto, Elric.

Quando o nome de Elric fora citado, a agitação se acabou, os homens estavam sérios, as mães e seus filhos se recolheram para seus lares.Alguma coisa estava
muito errado ali. O homem carrancudo, sentado bebendo um copo de cerveja, levantou-se, olhou para Tyr e Elric, e chamou sua guarda, dois contra vinte, era
plenamente desigual e injusto, mas ali estava entre eles o homem considerado mais perigoso, e detalhe, levantado dentre os mortos.

Os demais guerreiro que estava descendo pela floresta, rumo à praia ouviram os gritos de brado dos moradores do vilarejo, e deicidiram voltar para averiguar
o que exatamente estava ocorrendo. O céu estava escuro, a floresta também era escura, os homens do vilarejo atacavam, aqueles dois homens, que tinham apenas
o que aprenderam nos campos de batalha como forma de proteção, a luta corporal contra lanças, machados e espadas. Ouvia-se o som das águias no céu, o som do
vento assoprando com força e ali se ouvia o som das armas.Sorte de Tyr ter treinado seu exército como os deuses mandaram.Os homens mais rápidos e mais ageis
estavam ali.Enquanto as lanças cobriam o céu escurecido, os homens lutava para defender seus generais, um banho de sangue escorendo pelo gelo.Realmente, como
Tyr dissera, aquele local não tinham tantos soldados, aquela luta foi até de certa forma fácil. Quando o general viu que não havia mais homens para serem
mandados lutar contra o exército de Tyr, bateu em retirada, Elric em um toque certeiro atingiu a nuca do general, que caiu rapidamente por terra.

-Elric, você será o dono destas terras, voltemos para Dinamarca, tu pegarás tua esposa, criados e terás filhos e encherão este terreno. - disse Tyr cheio de
orgulho. E este grupo que lutou ferozmente, será o seu exército.

Elric estava muito orgulhoso do que lhe fora dado. O que ele mais queria era ter filhos numa terra que era realmente dele, e queria ter isso após os trinta
anos, mas os deuses haviam lhe recompensado precocemente. Os homens levaram uma semana para consertar os dois barcos que sobraram. Um vinha sob o comando de
Elric.

Sigrid na dinamarca, olhava todos os dias para a árvore, as folhas azuis nasciam, e deveriam se abrir no primeiro dia da primavera, caso seu amor retornasse.
então Sigrid correu os olhos para mais além, onde se via um penhasco que culminava no lago do templo. O lago do templo era um conjunto de sete torres
gigantescas, vindo das terras bretãs, podia-se ver as torres e o penhasco, era assombroso os desenhos da luta entre Thor, Odin e a Estripadora de Cadáveres.
Novamente Sigrid rompeu em choro. Não aguentava mais a agonia.

Em alto mar, Elric sentia o cheiro da chuva, sentia o vento ficando cada vez mais forte, temia que as embarcações não aguentassem. Olhando para o horizonte,
reconheceu um de seus barcos voltando para as terras bretãs. Era Ragnar e seus comparsas. Elric olhou para Ragnar na outra embarcação, Ragnar lançou um
sorriso falso e gritou:

- Elric, tolo, vossa esposa chora pela sua morte, enviei a ela o seu medalhão!

Elric tomou uma lança e jogou-a em vão na dreção de Ragnar. Então, um raio atingiu o bracelete de cobre que Ragnar possuia. Os homens das embarcações vizinhas
encararam aquilo como um lembrete de Thor para que não se intrometesse com Elric. Naquele instante, uma tempestade se iniciou,os mares agitados e o céu negro
coberto por uma nuvem gigantesca. Ondas inimagináveis cesciam diante dos olhos dos navegantes. Aquilo para eles, era Njord se vingando de Thor por ter invadido
seu mar com um raio.

Os homens recolheram as velas, e se esconderam como podiam dentro do navio. Elric tinha vívido em sua mente a promessa que fizera à Sigrid de que retonaria.
Elric começou a gritar, com a capa tecida por Sigrid e seu peito nú, olhando para o céu:

- Eu fiz uma promessa, Froya, de que retornaria para meu amor, e nao sou capaz, agora terei que aceitar meu destino!Deixei o meu amor nas terras do norte, e
agora estou condenado, neste oceano solitário e cinza. Vejo o olhar dela, sinto suas lágrimas, mas não quero vê-la assim, este é meu destino?

Os homens que estavam com Elric na embarcação ficaram catatônicos, um clarão, sim, um raio iluminou a terra nordica, apena se podia ver seus velos contornos
no horizonte, então, com um vento leve, a tempestade cessou, e os céus se abriram, os próximos dois dias de viagem seriam tranquilos.Njord estava ao lado deles.

O primeiro dia da primavera. O gelo começava a derreter, a vegetação aparecia. Era lindo poder ver o sol.

Sigrid levantou-se, e colocou a roupa que usava para ir ao templo, uma tunica branca, trabalhada com bordados e um capuz. Ela ajoelhou-se diante da árvore e
viu seus botões todos fechados. Seu amor, Elric não voltaria. Sigrid irrompeu em choro, lançando-se por terra. Sem pensar, ela correu para o pricipício, olhou
as longas colunas levantadas a partir do lago. Ninguém estava com ela, apenas Njord que soprava leves brisas dispersando a nevoa, Froya que reluzia sua beleza
junto ao sol que refletia suas cores e Odin que ceifara a vida de seu amado. Sigrid fechou os olhos, abriu seus delicados braços. Ignorando a arvore por tras
dela, que havia aberto um unico botãoe aquela era a sua resposta para Sigrid de que Elric estava vivo. Então Sigrid se lançou do penhasco, com seus braços
abertos.

Sigrid não teve a oportunidade para ver que uma simples embarcação surgia no horizonte, e que nesta embarcação, encontraava-se um certo homem de cabelos
avermelhados como se fosse o fogo de homens cercando uma aldeia, pele branca como seu senso de justiça, o corpo de um abençoado pelos deuses e de um amor
imenso por ela. Elric voltava para casa.

Enquanto Elric olhava ao redor, admirando os progressos da vila adormecida, notou que algo caia do penhaco em direção ao lago. Elric arregalou os olhos e gritou
o nome de sua amada. Ele havia a reconhecido. Irrompeu em imenso pranto. Desceu do barco e saiu correndo para o lago. Sigrid ainda tinha fõlego de forma
irregular, ela já estava gelada. Elric a tinha nos braços, sentindo as batidas de seu coração.

- Elric, meu amado? - perguntou Sigrid ofegante - Já estamos em Valhalla? Pois sinto muita dor, e este é o conceito...

- Minha vida, por que fizeste tal ato? - suas lágrimas romperam sobre Sigrid.

- Eu... Esperei... Por Froya... - falava Sigrid com muita dificuldade.

Elric olhou entre as mãos de Sigrid e ela carregava um medalhão em suas mãos, era o medalhão perdido de Elric. Elric a abraçou e ficou ali, por um tempo,
chorando e lamentando a dor que sentia.Então, preparou uma embarcação, encheu-a de Olhos de Folhas ao redor do corpo de Sigrid,e antes de seu corpo ser
lançado ao mar, em pensamento, Elric lamentou: "Estou caindo nas profundezas, me afogando em meu destino. Pois ele teve que encarar o seu destino...
Sim o destino de um homem que teve seus musculos e osso forjados no calor da guerra, um homem que possuia apenas dois amores:
o de sua amada e então falecida esposa e o amor da guerra.


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